NECA

NECA

NECA

NECA

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

CONTOS DA NECA MACHADO

A LUA ME CEGOU!



CONTOS DA BEIRA DO RIO AMAZONAS

Por > Neca Machado (Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Licenciada Plena em Pedagogia, Jornalista, Blogueira com 21 blogs na web, Quituteira.

A velha rua da Praia acordou com os gritos assustados de alguém que perambulava sem rumo, gritando em uma voz cheia de medo: “A Lua me cegou, a lua me cegou, a lua me cegou...”

Maltrapilho, descalço e parece CEGO.
Foi assim que o delegado de polícia da capital o encontrou, foi chamado por moradores que assustados pareciam petrificados sem entender a situação. O delegado abriu os olhos do coitado, e sem explicação nenhuma, dizia que não tinha nada ali, deve ser um “cisco” que caiu no teu olho, repetia. E o pobre Homem continua a gritar: “foi a lua, foi a lua, foi a lua…”
Foi levado num camburão da polícia para o Hospital geral que era o mais próximo da rua da praia. E por orientação medica foi mandado para o departamento de psiquiatria.
No outro dia, parentes avisados o procuram por lá, ainda estava cego.
A Mãe repetia que ele “era bom”, não tinha problemas nos olhos, que enxergava tudo, que andava sozinho por Macapá, que gostava dos puteiros e do quebra mar.

Mas, enfim, ele estava cego!
A cegueira repentina para ele tinha uma causa: “Foi a Lua”
Ainda meio tonto dos remédios que lhe deram, ele tentava lembrar de alguma coisa.
Disse que estava na frente do Mercado Central, que pegou um carreto de bananas e foi deixar na quitanda da Mulher, que nem sabia o nome, e que ela tinha lhe dado uns trocados, e que feliz foi tomar umas no boteco da esquina com uma morena que acabara de chegar no Igarapé das Mulheres e agora fazia “ponto” por ali...
Depois foram passear no trapiche, que naquela noite tinha uma bela LUA.
Ainda tentou fazer uma poesia, mas não era letrado.
De mãos dadas correram os dois pela Pedra do Guindaste, sempre fitando a Lua, redonda feita uma peteca azul dizia ele.
Parece que era meia noite.
E aí, foi quando lembrou que não enxergava mais.
A última visão foi a LUA. Cheia de gente, cheia de mistérios, cheia de desejos inimagináveis...

E agora ele CEGO.
Os anos se passaram e ele continua a repetir, muitas vezes agora com uma velha bengala de companhia “FOI A LUA, foi a lua, foi a Lua...”
Foi culpa da LUA.

A LUA ME CEGOU!

(Para muitos Pajés da floresta Amazônica a LUA e cheia de mistérios, encantos e enigmas. Cuidado, a LUA também deixa marcas…)



  


MITOS E LENDAS DA AMAZONIA POR NECA MACHADO

CONTOS DA BEIRA DO RIO AMAZONAS


OS ENCANTOS DO POÇO DO MATO


A lata de manteiga bem ariada, é instrumento de trabalho de Nega Piedade, rebolando as cadeiras ela desce preguiçosa e com ares de princesa de ébano as ladeiras que circundam o entorno do POÇO DO MATO, cantarola sem letra uma canção indecifrável aos ouvidos dos mortais.

Ela retira com cuidado os cipós que atrapalham seu caminho e segue sorrateira como uma cobra a dar o bote. No lado esquerdo um pedaço de pano no ombro, puído pelo tempo e no braço direito a famosa lata de manteiga que serviria para levar o liquido precioso para os patrões degustarem após a ceia matinal e para ajudar nos afazeres domésticos.

Negra Piedade brilha na sua cor lustrada pelos raios dourados do sol que banham aquela manhã, e ela num misto de magia faz parte de uma aquarela. O POÇO DO MATO tornou-se inatingível, distante, e a negra no viço da idade não percebe, o canto do pássaro é sua companhia, e a caminhada é longa, ela levanta a blusa, mostra seus seios rijos ao sol e enxuga o suor da testa.
Ao abrir os olhos o POÇO DO MATO surge como por encanto a sua frente e suas águas jorram como faíscas prateadas lavando o céu.
Piedade é só alegria, suas companheiras não apareceram e ela agradece por não ter que dividir espaço com ninguém em busca da água. A negra furtiva e exausta da caminhada observa se alguém se aproxima, seu suor é forte nas entranhas, seu cabelo carapinha, e os calos nos pés são esquecidos por um momento e ela se entrega aos sonhos, sentada ao redor do POÇO DO MATO encantado, dos Campos do Laguinho.

O Moço branco de camisa engomada, perfume francês estende-lhe suas mãos, e Piedade não recusa seu convite, levanta assanhada, arruma os cabelos, ensaia seu sorriso mais branco, balança as cadeiras, empina os seios num frenesi e exclama: sou toda sua Sinhô!
O moço ergue-a do solo, levita com ela naquele cenário e Piedade emudece, os pássaros continuam a cantar, as arvores deslizam suavemente ao balançar do vento e a brisa que sopra não a desperta de seu sonho irreal.


O POÇO DO MATO é a única testemunha da Negra Piedade e cúmplice em seu prazer carnal. As horas são intermináveis e preocupam os seus patrões, seus conhecidos e os vizinhos da negra Piedade.

Escurece, a Rasga Mortalha solta seu grito ensurdecedor, o céu tem muitas estrelas, o vento é frio e o Poço do Mato assustador, negra Piedade não voltou, os moleques correm com lamparinas pelo mato, cachorros servem de companhia a procura de negra Piedade, e nem sinal dela. A noticia se espalhou, o seu sumiço é comentado em todas as esquinas, e em todos os bairros, a população que mora na Favela e no Elesbão ficam estarrecidos.

 As lavadeiras e as carregadeiras de água junto com as moças virgens são proibidas de irem ao Poço do Mato sozinhas.

Por que?

Negra Piedade foi ENCANTADA no Poço do Mato dos Campos do Laguinho.


“Olha sinhô,
Olha sinhô
No poço do Mato
Essa Negra se encantou...”





MITOS E LENDAS DA AMAZONIA POR NECA MACHADO- PUBLICADOS EM PORTUGAL-2017

MITOLOGIA AMAPAENSE

Estórias recontadas por Neca Machado


Mitologia da Amazônia é uma coletânea de conversas com PIONEIROS residentes no extremo norte do Brasil, recolhidas ao longo de mais de trinta anos, onde aprendemos somente a escutar estórias, que fizeram parte de nossa infância, vividas no bairro do Laguinho, reduto de manifestações culturais expressivas, misturando lembranças de uma geração em que a importância das historias contadas por minha avó Dona Leopoldina Machado perpetuou dentro de mim, um sentimento de bairrismo com nossa raiz afrodescendente para dividirmos com as futuras gerações que não conhecem a história de homens ribeirinhos da Amazônia.

Tomamos um amor especial por um tema onde o POÇO DO MATO, é central, ele fica localizado no coração do bairro do Laguinho, no meio da Avenida Padre Manoel da Nóbrega, no centro da cidade de Macapá, entre as ruas: General Rondon e São José, e foi declarado Monumento de interesse cultural do Estado do Amapá, através do Projeto de Lei nº 037/93, da Câmara de Vereadores do Município de Macapá.
O POÇO DO MATO possui importância impar para o povo amapaense, foi tema de samba enredo da Escola Jardim Felicidade no ano de 2007, por indicação do carnavalesco Carlos Pirú, e teve como samba enredo o titulo: “Poço do Mato, águas laguinenses que banharam o meu corpo e saciaram minha sede. ” Era um cenário de um meio ambiente cultural até a década de setenta dos mais belos no entorno da área de ressaca do bairro do Laguinho no estado do Amapá, extremo norte do Brasil.

Pela crendice popular, em sua área de densa floresta, povoavam mitos e lendas, onde o cenário de medo predominava, com seres inimagináveis, assombrações e personagens folclóricos que se misturavam num espetáculo de magia e encantamento que fizeram parte da infância de muita gente no Amapá. Hoje totalmente desaparecido por sucessivas invasões.

Uma das principais personagens referenciais do POÇO DO MATO, foi o executor da obra que fazia parte do desenvolvimento da antiga Companhia de Água do Amapá, era o português ANTONIO PEREIRA DA COSTA, nascido em Vila Nova de Gaia-Porto-Portugal a 17 de fevereiro de 1901, e falecido em Macapá a 03 de julho de 1983.



SIMPLESMENTE NECA MACHADO

NECA POR NECA MACHADO


Considero-me uma amapaense bairrista por amar minha raiz, nasci em 05 de agosto de 1961, na cidade de Macapá, estado do Amapá. (Estou desencarnando...)

Os antigos caboclos tinham por habito olhar no calendário ao registrar seus filhos o dia do santo.

E lá fui eu batizada com o nome de Nossa Senhora das Neves, chamo-me então Neves Maria Machado, aos pouco minha mãe soberba com uma menina negra de olhos da cor de mel, chamou em sua ousadia de boneca, com o passar dos anos restou NECA, assumi o pseudônimo de NECA MACHADO.


Sou irrequieta, não me contentei com a miséria e nem com a ignorância, não tenho o habito de ter MEDO, considero-me CORAJOSA.

Busquei conhecer a administração e em Belém do Pará formei-me em bacharel em administração de empresas geral, depois licenciei-me plena em pedagogia pela Universidade Federal do Amapá, sou especialista em educação com base tecnológica pela Faculdade Seama em parceria com a Secretaria de Educação do Amapá, sou pós graduada em ensino profissionalizante e com a mesma inquietude de amar a historia do Poço do Mato, logradouro patrimônio cultural do Amapá, fui a academia mais uma vez especializar-me em Direito Ambiental.
Incomodei muitos medíocres ao tornar-me jornalista colaboradora com mais de 2000 (duas mil) publicações entre artigos, contos, crônicas e poesias.

Depois de mais de quarenta anos deixei a Igreja católica para acreditar no espiritismo, considero-me uma mulher alem do normal, tenho uma sensibilidade à flor da pele, muitas habilidades, mas não sou especial, sou alguém com algo sobrenatural, e por isso deixarei as futuras gerações um pouco de minhas habilidades, quer nas artes plásticas, quer na literatura, na fotografia, na poesia, nas artes impressionistas e abstratas e na gastronomia.
Simplesmente! Neca por Neca Machado
NECA MACHADO
SOU RESILIENTE
Muitas vezes as adversidades não conseguem mudar uma pessoa, apesar de seus sofrimentos, e de suas angustias, elas seguem sem conseguir rever valores altruístas.
Aos 54 anos na porta dos 55 percebo que sou capaz de me auto definir como uma PESSOA RESILIENTE.
Para muitos a capacidade de superação é um voo de uma Fênix interior que se sobrepõe as adversidades, que consegue lidar com seus medos sem demonstrar fraqueza, que supera a cada dia obstáculos inimagináveis, encontrando forças internas que a impulsionam a caminhar altiva.
SOU ASSIM> RESILIENTE.
Com meus medos, angustias, e emoções, eu sou assim serena na contramão das descidas íngremes fazendo desta superação um caminhar para a sabedoria. Resistindo as pressões de uma sociedade hipócrita e desigual.
SOU ASSIM > RESILIENTE
Com minha eterna vontade de crescer diariamente, sem atropelos nem medos, sou corajosa, não temerária, tomo decisões pensadas, racionais. Reorganizo a cada dia, erros, insatisfações e metas.
SOU ASSIM RESILIENTE.
Aprendi com o tempo a controlar meus impulsos juvenis, ímpetos da juventude, me mantenho serena quando há necessidade de reaver fortes emoções. Aprendi a chorar sem medo de lavar a alma.  Coloco-me no lugar do outro, assim permito dividir e compartilhar sofrimentos. SOU ASSIM > RESILIENTE